quarta-feira, 20 de junho de 2007

Eu sei tudo!!!


Quando eu era pequenino (há dois ou três minutos atrás), tinha uma vaga impressão de que os outros cães com os quais eu convivia e me cruzava e os seres humanos que me tratavam não eram reais, ou melhor, não eram autênticos, antes me parecendo que tudo aquilo que eu via em meu redor não passava de um teatro ricamente elaborado para me levar a acreditar que o mundo é muito mais do que apenas a minha existência. Mas agora sei a verdade. Tenho a noção de que isto é um choque para todos vós, vocês que me lêem e se cruzam comigo diariamente ou até esporadicamente – se pensaram que me podiam enganar eternamente, é porque subestimaram a minha inteligência. Sim, eu já descobri a vossa “pequena” tramóia...
Na verdade, sempre duvidei que a realidade por vocês criada existisse, e desconfiava que o que as pessoas e cães pareciam aos meus olhos não passava de uma ilusão, concebida para me enganar. E esta é a verdade.
O que se passa é que cães e pessoas, quando eu estou por perto, parecem estar entretidos nos seus afazeres e agem aparentemente de forma natural: ladram e falam uns com os outros, riem, correm, dançam, enfim, fazem aquilo que um cão e uma pessoa normal é suposto fazerem – simplesmente existem e interagem com o meio ambiente que os rodeia, sem me dar muita importância. Há até quem me pontapeie e me escorrace – tudo para parecer mais real. Mas eu sei que é tudo falso! Por exemplo, eu sei que quando desemboco numa rua cheia de cães, todos parecem agir normalmente, como se um qualquer vira-latas completamente insignificante tivesse surgido. Mas eu sei que, antes de eu entrar, todos os cães se preparam minuciosamente para aquilo que vão ladrar, para aquilo que vão fazer, para parecerem normais aos meus olhos. Sei também que nada neste mundo existe até ao preciso momento em que EU reclame a sua existência, assim como também sei que a Lua apenas existe a partir do momento em que eu olho para ela. Sei, por exemplo, que não existe nenhum país denominado República Democrática do Congo, mas a partir do momento em que eu queira viajar para lá, vocês logo tratarão de o “fabricar”... E quando eu lá chegar, parecerá que sempre existiu e sempre ali esteve... Não é assim, seus malandrecos? O facto de não conseguir arranjar provas daquilo que aqui alego apenas serve para sustentar a minha teoria – é tudo demasiadamente bem planeado. E se conseguisse provas, também elas se tornariam irrelevantes – se, efectivamente, as conseguisse, a quem as iria mostrar?... Por mais que ladre e estrebuche, por mais inconformado que me mostre, na esperança de que alguém entenda que eu percebi toda a tramóia e desista de me fazer de estúpido, não consigo fazer com que alguém se compadeça comigo. Chamam-me de “louco”, quando todos, TODOS, sabem bem que eu tenho razão... Só ainda não percebi o “porquê” de tudo isto... Mas juro que vou descobrir! Juro pelas 7 almas do meu falecido gato!

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